segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Suicidio e Teologia

O SUICÍDIO: o olhar teológico.

          Estamos frequentemente ouvindo situações de suicídio: jogo da baleia azul, pessoas se jogam da ponte, em novembro três padres se mataram ano passado e pastores evangélicos também, profissionais de diversas áreas se mataram, casos e casos… Não importa sua posição social… É o ser humano com seus conflitos, nos seus limites, nas suas angústias pessoais… Que precisa do apoio e suporte.

O suicídio: ato de tirar a própria vida.   É uma das 10 principais causas de morte nos EUA e a segunda principal causa de morte entre homens jovens.  A magnitude do problema é em realidade muito maior do que as estatísticas sugerem, pois  muitos suicídios são disfarçados como acidentes e, portanto, não são reconhecidos.   Há também os gestos de suicídio, nos quais indivíduos se engajam em comportamento suicida óbvio, mas na realidade não desejam se matar, mas são pedidos de ajuda.  Em outros casos, são uma tentativa de manipular ou controlar os outros.

O suicídio – itinerário teológico

Antigamente acreditava-se que a alma do suicida iria direto para o inferno. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma. Pois para ocorrer o pecado grave, deve haver três pontos: a- matéria grave; b- liberdade; c- consciência. Por esta razão, diante da liberdade fragilizada por diversas circunstâncias ou por problemas psíquicos, Deus vem com sua misericórdia.

Evidentemente  o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo a estimular essa prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais.

Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicídio assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da “cultura da morte” por meio da eutanásia.

O Catecismo da Igreja Católica ensina que:

Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.

O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo. (Catecismo da Igreja Católica, 2280-2281).

Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:

Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. (Catecismo da Igreja Católica, 2282).

Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:

Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.  (Catecismo da Igreja Católica, 2283).

Certa vez, são João Maria Vianney, também conhecido como “Cura D’Ars”, ao celebrar a Santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando; seu marido havia se suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Celebração Eucarística e lhe disse: “Pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma”. E explicou à pobre viúva: “Por causa daquelas vezes que ele rezou o terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.

O suicídio e a moralidade do ato

Contudo, diante do suicídio, não há uma mudança diante dos dados da revelação, mas um maior discernimento dos dados revelados. Na moral, existem dois âmbitos: geral ou universal, mas, também, o singular, de particularidades que devemos observar com maior cuidado, para não entrar no discurso moralista.

Uma reflexão: cada pecado que praticamos, é de fato, um suicídio que realizamos em nossa vida, na graça e no amor a Deus, sendo que Jesus vem ao nosso encontro com o dom da Ressurreição, através do sacramento da Reconciliação. É Jesus que se oferece como preço do nosso resgate. É Jesus que se imola pela nossa salvação. É Jesus que é morto na cruz, para que toda a humanidade alcance o dom da redenção.

Vemos em Jesus Crucificado a imagem viva da divina misericórdia do Pai. É a misericórdia que leva Jesus a imolar-se na Cruz por nós. É a misericórdia que faz cair sobre o seu Corpo divino todos os golpes, os insultos e os ultrajes de toda a humanidade, inclusive os que tiram a própria vida.

Coloquemo-nos na misericórdia de Deus… Em todas as missas, rezo em especial, para as pessoas, que realizaram o suicídio… A alma está atordoada e precisa de muita luz… A santa missa é o santo sacrifício de Jesus na Cruz, em que, Jesus vem com o seu sangue resgatando a humanidade… Dando-nos LUZ.

Uma vez, um vidente católico, rezando por uma pessoa que tinha se suicidado, veio a mente Nossa Senhora cuidando em especial, desta pessoa, dando consolo, carinho, no purgatório.

         A pessoa pensa em acabar com este sofrimento… Mas o sofrimento continua em outro lugar.   É preciso encarar de frente as dificuldades, não fugir.   Pedir ajuda e, às vezes, essa ajuda é em conjunto… Com um olhar multidisciplinar: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistente social, esportistas, professores, padres, pastores, leigos atuantes,...

Jesus diz: “Eis que faço nova todas as coisas…” (Ap 21).