Ao ver o filme, fui percebendo a relação das fases do luto (conforme Elizabeth Kubler-Ross: negação, ira, barganha, depressão/tristeza e aceitação) de cada personagem, após a morte de alguns amigos mediante o estalo de Tanos:
Hulk lidando com seu outro "eu" (irascível) já não ver como uma doença, mas sim, um aliado (psicologia positiva) e se torna o Dr. Hulk com intelecto e bem humorado; realmente quando nos aceitamos vem a paz interior conosco mesmo.
Homem de Ferro tem uma filha e se dedica a sua nova fase da vida e a ama profundamente e ela retribui falando do seu amor: "Te amo mil milhão" ou "3000" (alguns falam que é o número de horas filmados pela franquia nestes 10 anos).
Capitão América se torna resiliente e abre um grupo de apoio ao luto. Ele mesmo em seus conflitos acaba sendo um tutor de resiliência para outros: superando as adversidades com um olhar positivo e manifestando desenvolvimento humano; e ele sempre mostra ser um homem de conduta, da boa moral. O quanto nos ensina o caráter.
Mas encontramos alguns que ficaram na depressão como o Thor que ficava isolado de todos e virou um beberrão (tentava amenizar a dor da perda, mas como dizia um músico: "Tentei afogar as mágoas, mas as danadas sabiam nadar"). Além disso, se refugiava através dos jogos on line, onde ele tinha uma "melhor segurança de sua vida" (possamos tomar cuidado com as nossas fugas diárias que nos atrapalham de crescer emocionalmente).
A viúva negra com um olhar bem distante e sem expressão: a vida sem o sabor, sem o sal, sem um sentido, por causa da perda dos amigos.
No filme, há um insight (luz súbita) do filme "De Volta para o Futuro", ao qual, os personagens refletem que não existe essa realidade paradoxial do filme e eles concluem: "fomos enganados por anos" (Eu gostei muito dessa cena. Kkkkkk).
Uma crítica sobre o desenrolar do filme é que se tivermos o emocional infantil/imaturo... não vamos aceitar as coisas que nos acontecem, principalmente, a morte. Já dizia um filósofo existencialista: "O ser humano é um ser para morte. A única coisa que tem certeza quando nasce é que vai morrer. Ele é o único ser que tem consciência que vai morrer." (Heidegger).
Portanto, são muitos os filmes que estão passando sobre viagens temporais e aprendemos com as mudanças e com os próprios erros em minha vida e história (Livro: a arte de aproveitar as próprias faltas).
Posso, no entanto, ressignificar os meus atos que não foram tão bons. Aprendendo a cada dia com os erros. A vida é sempre uma escola, em que, aprendemos sempre (Costa, Yunes, Achkar, 2020; Costa, Yunes, Achkar & Pereira - na prole).
Outro Ponto importante: é que somos os protagonistas de nossa própria história, ou seja, somos os verdadeiros heróis que superamos os desafios presentes e com isso, o empoderamento (Yunes, 2018). "PARA O ALTO E AVANTE."
A ESPERANÇA: O HOMEM FORMIGA
A Esperança vem de onde menos imaginava: do homem formiga (imagem de uma coisa bem insignificante) que ficou na dimensão quântica e percebeu que viajou no tempo.
Com a sua percepção, motivou o Capitão América, o líder do grupo, e foram ao encontro dos outros gerando assim, a esperança de salvar os amigos do grande vilão Thanos. Cada um foi em um tempo pegar as jóias antes de Thanos e poder mudar a história.
História do Homem de Ferro
"Quando Stan Lee começou a pensar nos traços característicos do personagem Homem de Ferro, ele pensou em criar um homem rico e glamouroso. Com isso em mente, Tony Stark acabou se baseando no lendário empresário estadunidense Howard Hughes, um inventor, aventureiro, multibilionário e mulherengo notável da época."
"Na verdade, Lee criou o Homem de Ferro como um desafio, pois era a oposição de tudo o que os aficionados da Marvel estavam habituados a ver seus heróis representar. De qualquer forma, ele enfrentou essa geração idealista que rejeitava a guerra e o materialismo, conseguindo fazer com que o vendedor de armas se tornasse em um dos personagens mais amados do universo Marvel." (Fontes de um site: www.aficionados.com).
Alguns textos falam sobre Howard que não recebia os afetos do Pai e com isso, cresceu sem expressar seus sentimentos através do abraço. O personagem também se apresenta assim nos seus 10 anos.
Mas, algo o muda no último filme: as perdas, principalmente do Peter Parker ao qual gostava muito. É claro que ele soube desenvolver seus afetos com sua filhinha (linda demais) e quando tem a oportunidade de abraça seu pai na sua viagem na década de 70 ele não perde tempo. E também, quando ver seu amigo de volta, o homem aranha...Dá aquele abraço cheio de ocitocina (hormônio da alegria, da felicidade) e ele sem entender muito bem diz: "Isso é muito bom, muito bom mesmo." (Cena sensacional).
A Dignidade do Martelo
A cena quando o Capitão América pega o martelo… Nossa! Veio uma alegria incrível no coração. Lembrei logo da dignidade que eu possuo, o quanto tenho a vida, a família, a Deus, possuo inteligência e vontade ao qual posso produzir….(Salmo 8: o que é o homem Senhor, para tratá-lo com tanto carinho?!). Thor por sua vez diz: "Eu sabia". Deus, muito mais, torce por nós todos e todos os dias. Acredite!
Ele luta contra o adversário Thanos… O Capitão perde praticamente seu escudo, em que, Thanos destrói. O inimigo aparece com outros inimigos… Ele ali sozinho mas, determinado a combater...e com o olhar fixo na luta.
Tantas vezes, queremos desistir na primeira luta e colocamos já no coração a derrota: "Não tem mais jeito, fazer o que?", "Não vou conseguir", "Sou um fracassado". Essas frases são distorções cognitivas que atrapalham nosso proceder e nos direcionam para o fracasso. Devemos, no entanto, mudar de pensamento e seguir com o olhar positivo:
Surgem do nada os outros heróis que retornam e vem lutando e dando mais ânimo ao Capital América e devemos lembrar que não estamos sozinhos na luta do dia a dia. Temos Deus, os anjos e santos, nossos amigos que estão a nosso favor (Ap 4-8; Hb 11-12).
"Se Deus é por nós quem será contra nós." (Rom 8).
Curiosidades:
- Thanos quer dizer morte em Grego. Ele trouxe a morte de 50% da população universal. O autor coloca esse nome de forma intencional. Um estudo a respeito da morte se chama TANATOLOGIA (fases do luto, perdas, lutoterapia, morte e morrer).
- Estudos sobre Resiliência humana nos ajudam a crescer em momentos de adversidade, problemas: ter um olhar positivo, transcendente, de espiritualidade, coesão, criatividade, proatividade conforme nos aponta Froma Wash (2016).
Pe. Marcelo José
Mestre em Psicologia Social e do Desenvolvimento Humano
Referências:
Costa, M. J. M., Yunes. M. A. M. (2022). A técnica do gibi como recurso metodológico qualitativo na área da psicologia. Appris.
Yunes, M. A. M. (2018). Super-heróis como Recursos para Promoção de Resiliência em Crianças e Adolescentes http://ref.scielo.org/n
