quinta-feira, 26 de março de 2020

Psicologia das Pandemias: comportamentos das pessoas em pandemias, bem como o papel da psicologia mediante adversidades.

Mediante a  pandemia do coronavirus que contaminou 500.000 pessoas e já matou 23.000, porém, mais de 100.000 pessoas foram recuperadas, algo que devemos dar ênfase mediante o avanço da ciência.  Confira neste site sobre as estatísticas do COVID-19: https://infographics.channelnewsasia.com/wuhan/gmap.html.  

Segundo Steven Taylor (2019), um psicólogo pesquisador especialista em pandemia, que o isolamento é fundamental para não propagarmos o vírus, principalmente para os mais idosos e os que estão dentro da área de risco.   O autor mostra em seus estudos que as pandemias do passado geraram um crescimento de racismo; pessoas hipocondríacas que faziam interpretações distorcidas em sintomas comuns e se dirigiam aos hospitais preocupados se tinham contraído a doença grave; compras motivadas por pânico como tem acontecido agora. 

Mas algo brilhante, no meio dessa pandemia: a solidariedade das pessoas se unindo e se consolidando uns aos outros, principalmente para as pessoas vulneráveis da sociedade. Um exemplo maior que assistimos na TV, foi o G20 que se uniu (internet) para que a economia mundial não quebrasse, e com isso, foram injetados 5 trilhões de dólares. 

Taylor (2019) menciona que, para mantermos saudáveis nesses momentos de quarentena, nada melhor que limitar a quantidade de notícias e postagens de redes sociais sobre a pandemia.   Agora, uma atenção especial para com nossos idosos neste momento, pois o autor mostra o surto em Sars, em que, o número de suicídio tinha aumentado entre os idosos em Hong Kong, pois tinham a crenças que ele eram um fardo para família. Possamos criar ações que dêem apoio aos idosos neste período de quarentena: telefonar, escrever, fazer bons videos, apresentar estudos e boas músicas, por meio da internet que favorece a nossa comunicação.  

Este  isolamento não é afastamento social, pois nos comunicamos uns com os outros atrás das redes sociais, da música que realizo na janela da minha casa e interagindo com outros.  Aproveitar também e planejar horários, organizar meu tempo: acordar, fazer um bom café, rezar, fazer exercícios físicos, estudar, cursos on line de graça, ver filmes,...E uma questão interessante é tirar os conteúdos asustadores que as redes lançam direto.  Tome cuidado com os oportunistas, os que divulgam notícias falsas e alarmistas. 

Por fim, Taylor (2019) demostra que na história das pandemias, as pessoas que sobreviveram demonstraram processos de resiliência.  

Contudo, mesmo este período que estamos passando esteja gerando em nós mecanismos de risco como: estresse, medo, insegurança, fobia, ansiedade, estoque de produtos, hipocondrias,... Possamos criar mecanismos de proteção como: solidariedade, criatividade, olhar positivo, transcendência, flexibilidade, e dentre outro que são parte dos processos de resiliência (Walsh, 2005; Yunes, 2001). E como diz a expressão latina: Carpe Diem: Aproveitar bem o dia, fazer frutificar.


Marcelo José  Monteiro da Costa, mestrando em Psicologia Social e Desenvolvimento Humano na Faculdade Salgado de Oliveira em Niterói - RJ - BRASIL. 


Referências:


Taylor, Steven.  (2019). The Psychology of pandemics: preparando para o próximo surto global de doenças infecto contagiosas.  Psicólogo pesquisador especialista em pandemia.  Professor do departamento de Psiquiatria da Universidade de Columbia Britânica no Canadá.  


quarta-feira, 25 de março de 2020

Resiliência e Quarentena: produzir mecanismos de proteção mediante às adversidades

Resiliência e quarentena
Em tempos de quarentena, a resiliência é um processo que o ser humano pode investir.  A resiliência é frequentemente referida por "processos que explicam a superação de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações" e para este momento o mundo, nesta pandemia (Yunes, 2001, 2003). 
Walsh (2005) apresenta um modelo conceitual que prorporciona uma proteção  mediante às adversidades e potencializando os processos de resiliência para este momento de quarentena: 

Atribuir sentido à adversidade:

Valorização  das relações interpessoais: em casa ou pelos meios de comunicação.  Não estamos isolados socialmente.  

Contextualização dos estressores como parte do ciclo de vida.  Saber o que está acontecendo com o mundo todo, ou seja, estamos no mesmo barco.  Manter a calma, a racionalidade e a fé.

Sentido de coerência das crises como desafios administráveis.  Apenas um momento diferente que estamos passando com o CORONAVIRUS. 

Percepção da situação de crise: crenças facitiladoras ou constrangedoras.   Com essas mudanças, podem provocar em nós mecanismos de risco (estresse, fobias, ansiedade, depressão e outros fatores de ordem psicopsicológicas) ou mecanismos de proteção (criatividade, fé, bom-humor, ajuda mútua, habilidades sociais). Segundo Yunes e Juliano (2012), as características biopsicológicas de um ser humano (convicções, temperamento, metas, gênero,  caráter, entre outras) podem influenciar nas suas ecolhas no momento de estabilidades e mudanças.

Perspectiva positiva, ou seja, um olhar positivo, em podemos aprender algo novo.  

Iniciativa. Muitas são as iniciativas de algumas pessoas ajudando os mais necessitados nas ruas apesar do risco que eles estão passando.

Coragem e encorajamento (foco no potencial)

Esperança e otimismo: confiança na superação nas adversidades.

Confrontar o que é possível: aceitar o que não pode ser mudado; lembrar da oração da sobriedade.  

Transcendência e espiritualidade

Valores, propostas e objetivos de vida e não perder de vista o que nos impulsiona na vida.

Espiritualidade: missa, culto, palestras via internet.  Eu mesmo estou utilizando o Facebook para transmitir a missa e o terço confortando os corações das pessoas nesta quarentena.  

Inspiração: criatividade e visualização de novas possibilidades: brincadeiras com as crianças dentro de casas (caça ao tesouro, karaokê, video game, jogos de tabuleiros), cantores pelas janelas dos apartamentos,...

Transformação: aprender e crescer através das adversidades: 

Flexibilidade: principalmente agora dentro de casa realizarmos horários para atividades: fazer uma boa comida, ver filmes com valores e virtudes, atividade física (acompanhar um personal trainer na internet), etc.

Capacidade para mudanças: reformulação:

Estabilidade: sentido de continuidade e rotinas:

Coesão 

Apoio mútuo,  colaboração e compromisso.

Forte liderança: prover, proteger e guiar os mais vulneráveis (os idosos, as crianças, as pessoas de rua, do morro); veja com as autoridades o que eles podem fazer mandando emails, telefonando.  

Busca de reconciliação e reunião em casos de relacionamentos problemáticos: percebeu que durante esta quarentena aumentou a violência doméstica em 50%. O diálogo, para esse momento, é fundamental para o bom relacionamento.  

Recursos sociais e econômicos (trabalhos on line):

Mobilização da família (grupo) extensa e de rede de apoio social: criaram uma conta bancária para ajudar os mais necessitados de nossa sociedade.  De maneira micro: pessoal e de maneira macro: o governo. Por exemplo o G 20 injetando 5 trilhões de dólares, para a econômica mundial não cair.  

Construção de uma rede de trabalho comunitário: todos trabalhando juntos.  

Clareza:

Mensagens claras e consistentes (palavras e ações).  Período de tensão nada melhor do que sermos assertivos: não julgar, não se omitir, não se irritar, mas falar de maneira clara e objetiva.  

Esclarecimentos de informações ambíguas quando falamos sem discernir com profundidade algum assunto que desconhecemos.  

Expressão emocional aberta:

Sentimentos variados são compartilhados (felicidade, dor, medo, esperança).  Algumas pessoas, por meio das mídias, vem conversando sobre os seus medos, angústias e felicidades e esperança.   

Empatia nas relações: tolerância das diferenças.  Este é o momento para criarmos pontes e não muros.

Responsabilidade pelos próprios sentimentos e comportamentos, sem busca do culpado.

Interação prazerosas e bem-humorosas. Vários vídeos que as pessoas estão lançando na internet como músicas,  brincadeiras, jogos, danças, poesias,...

Resolução cooperativa dos problemas: vários sites disponibilizando cursos online gratuitamente: Linkedln (rede social para o mercado de trabalho), Site edx (plataforma de educação da universidade americana - 100 cursos), grupo adecco (consultoria de recursos humanos: "gerenciamento para mudanças rápidas e incerteza" e "comunicação interpessoal: comunicar-se com segurança."), Veduca (gestão de tempo e comunicação), casa do saber (120 cursos gratuitos); além disso, as rede fechadas televisivas disponibilizaram programações para sociedade.  

Identificação dos problemas, estressores, opções: vá no ponto do que está lhe fazendo mal, ir na raiz de sua dificuldade que vai lhe ajudar muito. Quanto mais rápido soubermos sobre o problema do coronavirus mais rápido a ameaça é controlada. Ex. A quarentena é uma das estratégias para não haver mais contaminação.  

Explosão de idéias com criatividade: percebendo a criatividade de muitas pessoas realizando curso on line.

Tomada de decisões: negociação,  reciprocidade e justiça.

Foco nos objetivos: dar passos concretos; aprender através dos erros

Postura proativa: prevenção de problemas, resolução de crises, preparação para futuro desafios.


Contudo, temos um caminho pela frente nesta quarentena.   Por isso, possamos realizar a gestão do nosso tempo e sair da procrastinação e desenvolver processos de resiliência neste período. 

Marcelo José, mestrando em Psicologia Social e Desenvolvimento Humano - UNIVERSO - NITERÓI.  

Referências: 
Walsh, F. (2005).  Fortalecendo a resiliência familiar.  Editora Roca.  
Yunes, M. A. M. (2001). Resiliência: noção,  conceitos afins e considerações críticas. Psiquiatria Geral. São Paulo.   
Yunes, M. A. M. (2003). Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo, família.  Psicologia em estudo, Maringá.