Resiliência e quarentena
Em tempos de quarentena, a resiliência é um processo que o ser humano pode investir. A resiliência é frequentemente referida por "processos que explicam a superação de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações" e para este momento o mundo, nesta pandemia (Yunes, 2001, 2003).
Walsh (2005) apresenta um modelo conceitual que prorporciona uma proteção mediante às adversidades e potencializando os processos de resiliência para este momento de quarentena:
Atribuir sentido à adversidade:
Valorização das relações interpessoais: em casa ou pelos meios de comunicação. Não estamos isolados socialmente.
Contextualização dos estressores como parte do ciclo de vida. Saber o que está acontecendo com o mundo todo, ou seja, estamos no mesmo barco. Manter a calma, a racionalidade e a fé.
Sentido de coerência das crises como desafios administráveis. Apenas um momento diferente que estamos passando com o CORONAVIRUS.
Percepção da situação de crise: crenças facitiladoras ou constrangedoras. Com essas mudanças, podem provocar em nós mecanismos de risco (estresse, fobias, ansiedade, depressão e outros fatores de ordem psicopsicológicas) ou mecanismos de proteção (criatividade, fé, bom-humor, ajuda mútua, habilidades sociais). Segundo Yunes e Juliano (2012), as características biopsicológicas de um ser humano (convicções, temperamento, metas, gênero, caráter, entre outras) podem influenciar nas suas ecolhas no momento de estabilidades e mudanças.
Perspectiva positiva, ou seja, um olhar positivo, em podemos aprender algo novo.
Iniciativa. Muitas são as iniciativas de algumas pessoas ajudando os mais necessitados nas ruas apesar do risco que eles estão passando.
Coragem e encorajamento (foco no potencial)
Esperança e otimismo: confiança na superação nas adversidades.
Confrontar o que é possível: aceitar o que não pode ser mudado; lembrar da oração da sobriedade.
Transcendência e espiritualidade
Valores, propostas e objetivos de vida e não perder de vista o que nos impulsiona na vida.
Espiritualidade: missa, culto, palestras via internet. Eu mesmo estou utilizando o Facebook para transmitir a missa e o terço confortando os corações das pessoas nesta quarentena.
Inspiração: criatividade e visualização de novas possibilidades: brincadeiras com as crianças dentro de casas (caça ao tesouro, karaokê, video game, jogos de tabuleiros), cantores pelas janelas dos apartamentos,...
Transformação: aprender e crescer através das adversidades:
Flexibilidade: principalmente agora dentro de casa realizarmos horários para atividades: fazer uma boa comida, ver filmes com valores e virtudes, atividade física (acompanhar um personal trainer na internet), etc.
Capacidade para mudanças: reformulação:
Estabilidade: sentido de continuidade e rotinas:
Coesão
Apoio mútuo, colaboração e compromisso.
Forte liderança: prover, proteger e guiar os mais vulneráveis (os idosos, as crianças, as pessoas de rua, do morro); veja com as autoridades o que eles podem fazer mandando emails, telefonando.
Busca de reconciliação e reunião em casos de relacionamentos problemáticos: percebeu que durante esta quarentena aumentou a violência doméstica em 50%. O diálogo, para esse momento, é fundamental para o bom relacionamento.
Recursos sociais e econômicos (trabalhos on line):
Mobilização da família (grupo) extensa e de rede de apoio social: criaram uma conta bancária para ajudar os mais necessitados de nossa sociedade. De maneira micro: pessoal e de maneira macro: o governo. Por exemplo o G 20 injetando 5 trilhões de dólares, para a econômica mundial não cair.
Construção de uma rede de trabalho comunitário: todos trabalhando juntos.
Clareza:
Mensagens claras e consistentes (palavras e ações). Período de tensão nada melhor do que sermos assertivos: não julgar, não se omitir, não se irritar, mas falar de maneira clara e objetiva.
Esclarecimentos de informações ambíguas quando falamos sem discernir com profundidade algum assunto que desconhecemos.
Expressão emocional aberta:
Sentimentos variados são compartilhados (felicidade, dor, medo, esperança). Algumas pessoas, por meio das mídias, vem conversando sobre os seus medos, angústias e felicidades e esperança.
Empatia nas relações: tolerância das diferenças. Este é o momento para criarmos pontes e não muros.
Responsabilidade pelos próprios sentimentos e comportamentos, sem busca do culpado.
Interação prazerosas e bem-humorosas. Vários vídeos que as pessoas estão lançando na internet como músicas, brincadeiras, jogos, danças, poesias,...
Resolução cooperativa dos problemas: vários sites disponibilizando cursos online gratuitamente: Linkedln (rede social para o mercado de trabalho), Site edx (plataforma de educação da universidade americana - 100 cursos), grupo adecco (consultoria de recursos humanos: "gerenciamento para mudanças rápidas e incerteza" e "comunicação interpessoal: comunicar-se com segurança."), Veduca (gestão de tempo e comunicação), casa do saber (120 cursos gratuitos); além disso, as rede fechadas televisivas disponibilizaram programações para sociedade.
Identificação dos problemas, estressores, opções: vá no ponto do que está lhe fazendo mal, ir na raiz de sua dificuldade que vai lhe ajudar muito. Quanto mais rápido soubermos sobre o problema do coronavirus mais rápido a ameaça é controlada. Ex. A quarentena é uma das estratégias para não haver mais contaminação.
Explosão de idéias com criatividade: percebendo a criatividade de muitas pessoas realizando curso on line.
Tomada de decisões: negociação, reciprocidade e justiça.
Foco nos objetivos: dar passos concretos; aprender através dos erros
Postura proativa: prevenção de problemas, resolução de crises, preparação para futuro desafios.
Contudo, temos um caminho pela frente nesta quarentena. Por isso, possamos realizar a gestão do nosso tempo e sair da procrastinação e desenvolver processos de resiliência neste período.
Marcelo José, mestrando em Psicologia Social e Desenvolvimento Humano - UNIVERSO - NITERÓI.
Referências:
Walsh, F. (2005). Fortalecendo a resiliência familiar. Editora Roca.
Yunes, M. A. M. (2001). Resiliência: noção, conceitos afins e considerações críticas. Psiquiatria Geral. São Paulo.
Yunes, M. A. M. (2003). Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo, família. Psicologia em estudo, Maringá.