O Exorcismo na Igreja Católica
O exorcismo é uma prática usada pela Igreja Católica para proteger uma pessoa ou objeto contra a ação do maligno e subtrair ao seu domínio (EF 6, 10-20). Há dois tipos de exorcismo: menores que são as orações feitas por todo e qualquer batizado da Igreja (Mc 16) e os maiores realizados pelo padre exorcista escolhido pelo bispo da diocese local.
O exorcismo é considerado um sacramental (sinal da graça de Deus) e é realizado em nome de Jesus Cristo, o grande autor do exorcismo (Devemos fazer sempre em nome dele).
Elementos do Exorcismo
- História: A prática dos exorcismos foi iniciada na Igreja pelo próprio Jesus Cristo, que deu aos apóstolos o poder de expulsar espíritos imundos e sendo continuada pelos apóstolos e discípulos (Mt 10; Atos 16,16).
- Classificação: Os exorcismos podem ser públicos ou privados, solenes ou simples. Exorcismos solenes são realizados em casos de possessão ou obsessão demoníaca (Ritual do Exorcismo).
- Rituais: O Ritual de Exorcismos da Igreja Católica descreve os procedimentos a serem seguidos, incluindo orações, imposição de mãos e uso de água benta. O rito deve ter autorização do bispo local, para ser validado.
- Prudência: Antes de realizar um exorcismo, o exorcista deve ter certeza moral de que a pessoa está realmente possuída, excluindo outras causas naturais, como doenças mentais ou psicopatológicos ou psicossomáticos (um bom discernimento).
Portanto, há uma grande importância do exorcismo na vida da Igreja, pois é uma manifestação da fé e da autoridade da própria Igreja em combater o mal e proteger os fiéis. Porém alguns padres não dão tanta atenção na existência do mal no mundo e tendem numa visão mais racionalista da fé conforme nos aponta o ex-presidente dos exorcistas do Vaticano: padre Gabriele Amorth (Livro: Um exorcista conta-nos).
As ações de influências demoníacas sobre uma pessoa, segundo a doutrina católica, podem ser classificadas em vários graus, cada um com características e intensidades diferentes. Aqui estão alguns dos principais graus de influência demoníaca conforme os exorcistas apresentam em seus livros (Amorth, Vella, Duarte, Rufos):
1. Tentação:
- Descrição: É a forma mais comum de influência demoníaca, onde o demônio tenta seduzir a pessoa a cometer pecados (Mt 4: tentação de Jesus no deserto).
- Características: o mal age nos pensamentos através da imaginação e recordações da memória de algo pecaminoso que fizemos no passado: “Você gosta, faz de novo isso vai…”; “Faz, ninguém está vendo”; vem por meio de desejos ou sugestões negativas ou imorais (contra os 10 mandamentos de Deus e vícios capitais); mas sem perda de controle sobre as próprias ações.
2. Obsessão:
- Descrição: Uma forma mais intensa de ataque onde o demônio provoca tormento mental.
- Características: Pensamentos persistentes e perturbadores que podem levar ao desespero, angústia ou impulsos irracionais. Ex.: ideias suicidas, blasfêmia contra Deus, desejos sexuais exacerbados, rancores e ódios profundos contra alguém,... A pessoa ainda mantém controle sobre suas ações, mas sofre intensamente.
3. Vexação:
- Descrição: Ataques físicos ou psicológicos mais intensos que interferem diretamente na vida da pessoa.
- Características: Fenômenos inexplicáveis como dores físicas, problemas de saúde repentina, distúrbios emocionais intensos e até distorções de realidade.
4. Infestação:
- Descrição: A influência do demônio sobre lugares, objetos ou animais.
- Características: Atividade paranormal em uma casa ou objeto, ruídos inexplicáveis, movimentação de objetos, etc.
5. Possessão:
- Descrição: O grau mais extremo onde o demônio assume controle total ou parcial do corpo da pessoa.
- Características: Mudanças de personalidade, falar línguas desconhecidas, força sobre-humana, aversão a objetos sagrados, entre outros sinais.
6. Subjugação ou Dependência:
- Descrição: Quando a pessoa voluntariamente se submete à influência demoníaca, por exemplo, através de pactos.
- Características: Prática de rituais satânicos, busca por poderes ocultos, dedicação ao mal.
“O demônio é como um cão raivoso só pega quem chegar perto”. Santo Agostinho
Portanto, esses graus refletem diferentes níveis de severidade e impacto na vida de uma pessoa ou até de uma família, desde tentações sutis até uma completa possessão. Esses fatores para que possam ser bem discernidos têm que ter um olhar inter/multidisciplinar para que o sacerdote exorcista possa averiguar e poder dar o diagnóstico sobre o caso.
Pe. Marcelo José
Mestre em psicologia social e estuda sobre as questões da Mística Cristã
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